4 Notas sobre Lorenzato, por Gomide&Co

Produzido em 2022 pela galeria Gomide&Co e Pills Nice, e dirigido por Vivian Gandelsman, o filme “4 Notas Sobre Lorenzato” oferece uma perspectiva documental sobre a obra de Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995), após individual realizada em 2014.

A homenagem conta também com texto escrito pelo curador Rodrigo Moura, narrado por Gregório Duvivier, e entrevistas com James Green, Manoel Macedo, Marcia Fortes, Mauro Restiffe, Ricardo Homen, Rodrigo Moura, Thiago Gomide e Vilma Eid.

 

Confira alguns destaques!

Rodrigo Moura, curadorQuando vemos nos seus quadros o impulso de geometrização, a ordem compositiva construída, o questionamento da perspectiva Renascentista, a sublimação da cor, a busca de suportes não “artísticos” e o uso de técnicas radicais, temos a certeza de estar diante de um artista moderno. E, por que não, um artista moderno popular?

Sem título, 1985
Óleo sobre placa; 20 x 27 cm
LOR-0242

Manoel Macedo, galerista: Ele era muito leal à sua pintura, à sua vida. Qual artista que pega uma tela, usa uma tinta e a põe ao relento para ver se ela vai aguentar água, chuva e sol? Só ele mesmo. É algo genial, o teste com a tinta, com a pintura, com o material – e precário, ele não tinha o melhor material, e criou o melhor material para ele. E está aí até hoje provando que suas obras estão firmes até hoje, sem problema nenhum.

Ricardo Homen, artista: As cenas dele (...) são a vivência do local, ele mesmo dizia que não inventava nada (...). Ele andava muito, era um andarilho que saia pela cidade fazendo esboços, comentava que parava em um lugar quando achava que aquilo era um motivo. (...) Ele traz uma forma pessoal, um jeito de pintar, uma cor local, que vai falar de uma classe mais periférica (...). Ele está longe dessa elite; apesar de ser uma pessoa que está a par do mundo, viveu e andou muito por ele.

Sem título, 1987
Óleo sobre placa; 38,5 x 68,5 cm
LOR-0003

Thiago Gomide, galerista: Antes da galeria abrir, em Agosto de 2013, já queríamos, no ano seguinte, fazer a exposição do Lorenzato (...) na época da Bienal. Convidei o Rodrigo [Moura] para fazer a curadoria e ele topou na hora, e era tudo que eu precisava para amarrar bem o projeto. Mas, depois, o Rodrigo me convenceu que o Lorenzato era um “artista dos artistas”, que quem mais celebrava o Lorenzato eram os artistas. Então ele sugeriu que eu convidasse a Rivane [Neuenschwander], para fazer a curadoria e ele escreveria o texto. Rivane acabou trazendo o Alexandre da Cunha e, então, os dois fizeram a curadoria dessa exposição, que foi a primeira grande exposição do Lorenzato, com catálogo, imprensa… nós tínhamos curiosidade para saber o que as pessoas iam achar, e o resultado foi maravilhoso.

Rodrigo Moura, curador: (...) Se tivesse que definir o Lorenzato em poucas palavras, eu gostaria de frisar esse aspecto polimorfo, mutante, multifacetado da pintura dele. Acho que ele tem um jeito de pintar que está em tudo e, nesse sentido, ele é um artista moderno que tem um estilo, que tem uma assinatura inconfundível. Mas, ao mesmo tempo, ele tinha uma gama de interesses muito múltipla, muito variada, e é justamente a variedade dessa experiência dele como artista no mundo que faz que sua pintura tenha um lugar muito importante e singular.

Vilma Eid, galerista: Ele, ainda jovem, mudou-se para a Itália, e lá teve a felicidade de trabalhar inclusive em restauros de igrejas, e assim aprendeu muito. A pintura dele se tornou uma pintura muito sofisticada e quando a família voltou para o Brasil, ele continuou pintando e tinha ciência de que era um bom artista, mas trabalhava para si, fazia para si. Tudo que está acontecendo com o trabalho dele agora, o reconhecimento tardio do seu trabalho, na minha visão, é um reconhecimento que, mais cedo ou mais tarde, teria que acontecer. Foi bom que esse reconhecimento começou pelo Brasil.

Sem título, 1972
Óleo sobre placa; 44,5 x 59,5 cm
LOR-0043
Aug 28, 20250 commentsYasmin Abdalla